Desconcentração Industrial Brasileira da Região Sudeste
A
indústria brasileira tem passado por um forte processo de modernização e
desconcentração espacial nos últimos anos. A guerra fiscal entre as
várias unidades da Federação, os salários mais baixos nas regiões menos
desenvolvidas, a proximidade de fontes de matérias-primas, o nível da
infraestrutura local e o desenvolvimento do Mercosul têm provocado o
deslocamento da indústria em direção a diferentes regiões. Alguns
estados e regiões têm se destacado, beneficiando-se do processo de
descentralização industrial. Enquanto o emprego se reduz na maior parte
do País, estados como o Paraná, o Ceará e aqueles localizados na Região
Centro-Oeste mostram um grande dinamismo, recebendo novas empresas
industriais e apresentando forte crescimento do emprego. Em termos
agregados, a Região Sul tem sido a principal beneficiária, aumentando
sua participação nos mais diversos segmentos industriais.A partir da
análise dos dados da Relação Anual de Informações Sociais(RAIS), o
artigo estuda os principais movimentos do emprego (e do salário)
industrial ao longo da década de noventa, procurando determinar suas
principais características. Neste sentido, é desenvolvido um índice
baseado no nível de rendimento e escolaridade dos trabalhadores, além da
importância do emprego nas profissões técnicas e científicas, que
permite diferenciar a indústria localizada nas diversas regiões do País.
A partir
dos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), para o período
1989/97, procura-se verificar os principais movimentos do emprego
industrial no país durante a década de 90. São observadas importantes
transformações, apontando para o crescimento da indústria no interior
dos estados e queda nas capitais e nas regiões metropolitanas. Por outro
lado, enquanto o emprego industrial cai nos estados do eixo
Sul-Sudeste, há aumento em vários estados do restante do país,
especialmente na região Centro-Oeste. Foram destacadas 155 microrregiões
com mais de 5 mil empregos industriais, observando-se a multiplicação
de pequenas aglomerações nas mais distintas regiões do país. Ao mesmo
tempo em que o emprego foi reduzido na maior parte das grandes
aglomerações, naquelas de pequenos e médios portes houve grande
incidência de crescimento da mão-de-obra empregada na indústria.
Observou-se ainda o comportamento dos salários, verificando-se que o
crescimento do emprego tende a ocorrer nas microrregiões onde os
salários são mais baixos, respaldando a hipótese de que as empresas
estão buscando regiões com menores salários, enquanto vantagem
competitiva na decisão dos novos locais de produção. Apesar disso, há
evidências de que os trabalhadores dessas regiões se beneficiaram com
maiores crescimentos salariais durante a década. Finalmente, foi
investigada a estrutura industrial das 155 microrregiões pesquisadas,
notando-se situações bastante diferenciadas em termos de concentração e
diversificação. Há indícios de que o maior crescimento do emprego ocorre
com mais frequência nas regiões onde a indústria é menos diversificada.
O artigo sugere, portanto, uma possível mudança no padrão locacional da
indústria brasileira, onde aumentaria a importância do interior dos
principais estados industrializados e de alguns estados fora do eixo
Sul-Sudeste. Por outro lado, estariam surgindo novas aglomerações
industriais de pequeno porte nas mais distintas regiões do país,
caracterizadas por baixos salários e pequeno nível de diversificação
industrial. Uma posição definitiva sobre tais mudanças, entretanto,
depende de um acompanhamento da evolução da indústria nos próximos anos e
de novos estudos aprofundando o tema.Fonte: http://wikigeo.pbworks.com/w/page/36435230/Desconcentra%C3%A7%C3%A3o%20Industrial%20Brasileira%20da%20Regi%C3%A3o%20Sudeste
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